Carlos Felipe, 19 anos, e Ana Júlia,   garantem que não há “fórmula mágica”; segredo é treinar muito e se dedicar à leitura.

Cursar Direito ou Medicina é o desejo de Carlos, que se preparou no cursinho do sistema Ari de Sá em Fortaleza (CE). O segundo ano de nota 1000 no Enem é também o seu segundo ano de preparação para o vestibular. Para a redação, ele afirma que se dedicou a fazer muitos textos durante o ano. “Eu fazia, no mínimo, uma ou duas redações por semana. Tornei esse exercício frequente”, conta.

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Carlos Felipe, 19 anos, vestibulando de Direito e Medicina

Outra tática de Carlos foi ler bastante, tanto literatura quanto artigos jornalísticos. “Buscava, também, citações e obras literárias para aumentar o repertório das redações. No final do ano, tentei ler todos os textos que havia feito.”

Já Ana Júlia, que vai prestar Medicina e participou de quatro edições do Enem – desde seus anos de escola -, obteve ótimos resultados em todos: 820 pontos em 2013, 920 em 2014, até chegar a 1000 em 2015 e 2016. Ela afirma que nos dois últimos anos fez o curso extra 100% Redação, que lhe impulsionou a nota.

“A primeira nota 1000 foi o ápice da felicidade, jamais imaginaria conquistá-la. Uma surpresa gigante”, conta. Na repetição do resultado, ela diz que a leitura foi essencial. “O conhecimento de outras áreas como filosofia, sociologia, história é fundamental, e era nas aulas e nos livros que eu encontrava o ‘incremento’ para minha redação. Para a prova como um todo foi a mesma coisa: muito estudo, dedicação, cerca de 12 horas diárias estudando.”

Em 2015, 104 pessoas obtiveram nota 1000 na redação do Enem – A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. Em 2016, o número caiu para 77, com as redações de tema Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil. Entre tão poucas pessoas, estão dois estudantes que conseguiram o feito em ambas as edições: Ana Júlia Pereira de Paula, de 20 anos, e Carlos Felipe Bezerra Barros, de 19.

Por duas vezes, eles completaram todas as cinco competências da prova – domínio da escrita formal; compreensão da proposta; defesa do ponto de vista; argumentação; e proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Há uma fórmula para este resultado? Os estudantes garantem que não. “Não há mágicas, segredos ou truques. É muito trabalho, muito treino, muito estudo”, explica Ana Júlia.

O caminho para a nota 1000– Fazer ao menos duas redações por semana

– Tornar a leitura um hábito diário. Investir em literatura e artigos jornalísticos

– Fazer um compilado de citações e fatos interessantes que possam servir na construção dos argumentos

– Estudar história, filosofia e atualidades

– Debater temas da atualidade em sala ou com colegas

– Pedir orientação e correção aos professores

– Ler redações nota 1000 de outros anos

Dicas de redação

Tanto para Ana Júlia quanto para Carlos, a leitura é um dos aspectos fundamentais do sucesso na redação. “É bom que haja a leitura de artigos e de obras literárias que possam contribuir para o uso de comparações, por exemplo, na argumentação”, recomenda Carlos.

Carlos também recomenda uma boa organização no texto. “É essencial ter escrita clara, concisa, e a estrutura do texto bem definida em introdução, desenvolvimento e solução. Recomendo também o uso de referências filosóficas, literárias ou científicas para deixar os argumentos consistentes e persuasivos”, diz.

Na proposta de intervenção, Ana Júlia conta que se baseou primordialmente na defesa dos direitos humanos. “Escrevi uma sociedade que gostaria de ver, de viver e de usufruir. Sem utopias, mas com propostas diretas e amplas, que abrangem as diversas esferas sociais, cada qual com seu papel, unidas em prol de um país melhor”, conta.

Além disso, ela menciona o preparo que realizou especificamente para esta prova. “Por volta de um mês antes da prova, chegava a fazer de três a quatro redações por dia.” Além disso, Ana Júlia relata a importância dos temas desenvolvidos, especialmente o de 2015, A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira: “Ele foi um presente, não só para mim, mas para todos aqueles, que, assim como eu, lutam por um mundo menos desigual e com menos violência. Foi mais do que uma nota 1000”.